segunda-feira, 15 de novembro de 2010

Passado e presente nas cinco principais galerias de São Paulo - Parte 1

Dizem que a praia de paulistano é o "shopping center". O autor dessa frase não deixa de ter sua razão, pois quem não sai para viajar nos feriados dentro de casa não vai ficar. Além deste pólo de modernidade e luxo de São Paulo, existem também as galerias centrais, criadas a partir dos anos 30, contribuindo para o crescimento e a mudança do que viria a ser no centro novo da capital paulista. Pode-se dizer que as galerias são os "primos pobres" dos luxuosos e grandiosos "shoppings". Para os garimpeiros de plantão, relíquias em vinil de todos os estilos musicais, para outros, apenas um lugar para passear ou ainda uma oportunidade de comprar roupas e artigos mais baratos (ou não).

GALERIA DO ROCK

O passeio começa pela mais famosa das galerias. Fundada em 1963 sib i bine de "Shopping Center Grandes Galerias", a hoje "Galeria do Rock", apresenta seu maior número de variedades. Antes frequentada por punks e metaleiros, hoje abriga um público bem diverso que vai desde o "hip hop" até a nova onda juvenil: os emos. Apesar da mistura de estilos, lendárias lojas de discos cederam seus lugares para estúdios de tatuagem e lojas para os "skatistas". Aos sábados, principalmente, é possível encontrar os roqueiros mais tradicionais transitando com a tribo mais moderna. Vários famosos já passaram por lá como Marilyn Manson e a sarcástica banda Brujeria. "Aqui eu sempre encontro uma novidade, sempre que conheço uma banda nova, venho procurar o CD aqui", diz Ricardo Souza, estudante de 20 anos. Mesmo com toda a mudança tecnológica, o surgimento do MP3, lojas como a "Baratos Afins" resistem ao tempo e mantém o seu público fiel. Outro ponto de destaque é o "Brazilian Official Sepultura Fan Club", o único fã clube reconhecido mundialmente pela banda. Fundado em março de 1990, resiste até os dias de hoje, mesmo com as constantes mudanças de formação do grupo.

NOVA BARÃO

A "Nova Barão" é a única galeria a céu aberto do centro de São Paulo. Com largos espaços para transitar, o visitante não corre o risco de trombar com ninguém. Na sua parte térrea, há uma praça com um chafariz, bancos e cadeiras individuais. A "Nova Barão" talvez seja a única galeria do centro que possui vasos com plantas em toda a parte garantino um caráter clássico ao local. No andar superior, em meio a diversas lojas de bijuterias, óticas e cabeleireiros, há ótimas opções para os aficcionados por discos de vinil de todos os estilos. Na "Extreme Noise", "o Punk é o carro chefe de vendas da loja", diz Marcelo Lima, dono do estabelecimento. Com 90% do material voltado para o estilo contestador, ainda é possível encontrar espaço para oustros estilos do rock, e, em meio aos vinis, há uma edição especial em vinil triplo com as três primeiras demos da clássica banda de heavy metal, o Hellhamer, avaliado em R$ 285. "É raro no Brasil", classifica Marcelo. A loja ainda é decorada por alguns quadros de bandas e discos de vinil de tamnhos e cores diferentes. O piso térreo contém uma vasta opção de lojas como a "Oliveira", especializada em guardas-chuva, dos mais fiversos tamanhos e estilos. Misturadas com lojas de eletrônicos e vídeos, há espaços para a moda masculina com lojas como "Empório da Gravata" e "Colombo". O ponto negativo fica por conta de diversos salões fechados para alugar no piso superior, ao contrário da parte debaixo, que é mais movimentada e possui quase 100% de ocupação.

Passado e presente nas cinco principais galerias de São Paulo - Parte 2

GALERIA PRESIDENTE

A poucos metros dali, a "Galeria Presidente", é o que podemos chamar de 'vizinha menos famosa da Galeria do Rock'. É voltada para a "black music" e o "reggae", mas conta com a "London Calling", loja de rock alternativo, que também possui em suas prateleiras artistas mais conhecidos do grande público como Bon Jovi e Deep Purple, e os menos convencionais, caso do Depeche Mode. Os cd's têm preços que variam de R$ 45 a R$90. Ao lado da "London Calling", para delírio dos fãs de "reggae", a "Jonnhy B.Goog", é parada obrigatória para os fãs do som jamaicano. De Tribo de Jah, Leões de Israel a Bob Marley e Jimmy Cliff, a loja possui um extenso catálogo, dos mais clássicos ao mais atuais. Na "Jonnhy B. Good", é possível encontrar CD's à partir de R$ 5. Para os fãs de música eletrônica, a "Vitrine Techno" conta com as mais variadas vertentes do eletrônico. A "MR Groove", que fica na parte térrea, tem acessórios e equipamentos para discotecagem. Além de opções musicais, a "Galeria Presidente" possui uma vasta opção de salões espalhados por seus quatro andares para aqueles que quiserem aderir ao penteado afro.

GALERIA ITAPETININGA

A pequena galeria é um túnel do tempo. Mantendo sua fachada antiga, boa parte das lojas da "Galeria Itapetininga" é de bijuterias, artigos para presentes e pedras preciosas. Na maior loja de todas, "Luas e Novas", além de bijuterias, são comercializados incensos dos mais diferentes tipos e aromas, e, para o vestuário feminino, roupas em estilo indiano. A principal atração da galeria são as vitrines localizadas na entrada, onde há uma infinidade de brinquedos antigos que leva a loucura qualquer colecionador fanático. O local virou o maior centro de vendas de brinquedos antigos do país. Eduardo Faria, proprietário de uma das vitrines, diz que sua especialidade são as réplicas de aviões, mas, por caus ada alta procura por outros itens, acaba vendendo todo tipo de brinquedo.

GALERIA CALIFÓRNIA

Projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em 1951, a "Galeria Califórnia" chama a atenção por suas pilastras em "V". A galeria, que também é um edifício comercial, faz a ligação entre as ruas Barão de Itapetininga e Dom José de Barros, e mantém logo na entrada uma loja de artigos populares, pedras preciosas e artigos artesanais, que atraem muitos turistas ao local.

SERVIÇO:

GALERIA DO ROCK: Rua 24 de Maio, 62.
GALERIA PRESIDENTE: Rua 24 de Maio, 116.
GALERIA NOVA BARÃO: Rua Barão de Itapetininga, 37.
GALERIA ITAPETININGA: Rua Barão de Itapetininga, 356.
GALERIA CALIFÓRNIA: Rua Barão de Itapetininga, 355.

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Passaram as eleições*

Passaram as eleições. Pronto, os candidatos já podem fazer fisioterapia para as mãos após dias de câimbras por conta de tantos cumprimentos. Também podem descansar as retinas castigadas pelos flashes de câmeras e acima de tudo limpar os belos paletós e conjuntos finérrimos alagados pelo choro de eleitores que precisariam deixar de fazer tudo (menos respirar pois é de graça) para usarem trajes tão pomposos.

Ok, as campanhas foram todas legais utilizando apenas recursos contabilizados (sem risos por favor), e ninguém prometeu o que jamais poderia cumprir. Os dossiês também foram invenções da imprensa, essa classe desumana que joga apenas contra os companheiros brasileiros, exceto, é claro, quando está a favor de quem senta naquela cadeira macia.

Posto o mundo de rosas que foram as eleições (sem risos de novo, por favor) vamos a uma preocupação concreta... o que fazer com as máquinas? Sim, as máquinas que foram exaustivamente usadas em prol de uma meia dúzia que em algum momento nesse processo todo se esqueceu que eles deveriam servir o Brasil e não o contrário.

Nem vou fazer a conta de quantas máquinas são porque sinceramente fico cansado só de pensar. Prefeituras, estados, e o governo maior, muita coisa. O equipamento foi utilizado em tão larga escala que acredito que ele esteja meio gasto já. Valeu tudo, entregar obra que não estava pronta, dar um adiantamento ao 13º dos aposentados (sim os netos deles votam) e ao funcionalismo público e até mesmo brincar de mágica especialmente de ilusionismo. Gasto virou superávit primário, o petróleo jorrou e todos conseguiram gastar mais, arrecadar menos e cumprir a lei de responsabilidade fiscal.

Mas sem querer ser chato, lembro que a máquina é vingativa. Ela cobra com juros os abusos praticados e os companheiros que se sentarem na cadeira macia no dia 1º de janeiro, vão sentir o peso de sua ira e literalmente terão que rebolar para que suas máquinas públicas não quebrem agora, estejam aptas para cumprir pelo o menos uma ou outra promessa e acima de tudo que fiquem em perfeitas condições para serem utilizadas em 2012.

*Vinícius Freitas, é jornalista e cursado em Ciência Política.

É preciso uma nova era para a política brasileira*

O termo política vem da cidade de Pollis que foi uma comunidade na Grécia antiga com um princípio de organização social. Depois, o conceito de política se transformou ao longo do tempo especialmente graças à civilização que possuía determinada hegemonia no mundo.

Os filósofos antigos discursavam sobre o cidadão político. Aristóteles, por exemplo, defendia que não houvesse a figura do político profissional como temos hoje. Inclusive ele citava que os camponeses jamais poderiam entrar para a política por não terem tempo de conciliar ambas funções (vide o livro "Política", de Aristóteles).

Montesquieu, por sua vez, foi quem criou a divisão de poderes que utilizamos até hoje no Brasil, com duas legislaturas (Câmara e Senado) para que o poder fosse limitado por ele mesmo, ou seja, nenhuma das duas 'casas' teria total liberdade visto que uma limitaria a outra.

Esses exemplos dos preâmbulos políticos em nossa civilização, são importantes para que resgatemos a história e através dela tentemos entender o presente. Dando um salto mortal chegamos ao Brasil, e ao período da República Velha que designou-se de 1889 até 1930.

Nesse período a democracia efetivamente não existia. Tínhamos o voto de cabresto, o ato de votar não era secreto, mesários fraudavam os resultados e se um candidato opositor fosse eleito ele poderia simplesmente não tomar posse por ir contra os preceitos da classe que tinha o poder.

A partir do governo Getúlio Vargas chegou a República Nova, e a democracia propriamente dita engatinhou em parte desse período alternando com regimes ditatoriais como o próprio Vargas instituiu com o “Estado Novo”, 1937. Em determinados trechos desse período os brasileiros foram às urnas exercer a democracia com liberdade de efetivamente escolherem seus candidatos (nessa época o voto já seria secreto...)

Mas em 1964, os militares tomam o poder e mais uma vez a democracia que florescia fora interrompida. Foram necessários 25 anos até que o Brasil retornasse às urnas para eleger seu presidente.

Vejam que apenas em 1989 realmente o princípio democrático se instaurou definitivamente no País. Conceito que vinha sendo debatido na Grécia antiga. Ou seja, estamos há séculos, e quiçá, milênios atrasados. A falta de costume do brasileiro de interagir com a política e o fato de seu amadurecimento político estar começando ainda explicam a fraca campanha de 2010.

Para se ter uma ideia quando o presidente Lula passar a faixa para Dilma Rousseff será a primeira vez na história que um presidente eleito recebe e passa a faixa de colegas também eleitos diretamente.

Então a discussão que temos hoje a Europa, por exemplo, teve em meados de 1970. Refiro-me as questões de privatizações, controle social da mídia, reformas tributárias, eleitorais etc.

Hoje o tenro amadurecimento do brasileiro permite que em uma campanha nenhuma proposta efetiva seja apresentada pelos candidatos que preferiram o embate direto ou as intenções genéricas, como por exemplo, melhorar a saúde, segurança e emprego sem explicar efetivamente o mecanismo de se fazer.

Os debates improdutivos, as propagandas eleitorais que mais confundiam do que esclareciam, o “promessometro” que correu a solta e o show de mentiras são mostras claras de que o Brasil precisa de uma nova era, precisa deixar o estágio de democracia recém consolidada para avançar nas suas bases políticas.

Um bom modo de se começar isso é que nas próximas eleições seja obrigado que cada candidato apresente já na campanha o plano de governo que tem a obrigação de entregar quando eleito, dessa feita o eleitor tem a oportunidade de avaliar com maior critério as propostas.

Outro passo seria, sem dúvidas, uma responsabilização e punição por promessas não realizadas o que intimidaria o “promessômetro”. Os debates também merecem uma reflexão para que não fique a palavra de um candidato contra a de outro e o cidadão sem saber quem está com a verdade.

O Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2011 entra em um novo governo mas precisa urgente de uma nova era política para efetivamente diminuir as desigualdades sociais e ser de fato um país justo e igualitário.

*Vinícius Freitas é jornalista e cursado em Ciência Política.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

The Beatles Anthology: a obra definitiva

O projeto Anthology, é sem sombra de dúvidas, o trabalho mais extraordinário feito sobre os quatro garotos de Liverpool desde que o grupo se dissolveu em abril de 1970. Pela primeira vez, a história dos Beatles é contada pelos próprios Beatles, com declarações em primeira pessoa.

A série “The Beatles Anthology”, é composta por três CD’s duplos, uma caixa com cinco DVD’s, e um livro do qual iremos comentar nas próximas linhas. O trabalho de garimpar fotos e declarações começou em 1987, e só se tornou realidade porque Paul McCartney, George Harrison, Ringo Starr e Yoko Ono, esta representando Jonh Lennon, resolveram suas pendências judiciais e pessoais para que tudo fosse realizado sem a ameaça do projeto ser interrompido.

Os três remanescentes em conjunto com a viúva de Lennon, contribuíram abrindo seus arquivos pessoais, disponibilizando fotos inéditas e dando declarações que até os dias de hoje eram desconhecidas do grande público. As palavras ditas por Jonh Lennon foram retiradas de entrevistas concedidas durante os anos 60 e 70.

A obra começa com capítulos individuais em que Jonh, Paul, George e Ringo rememoram o período de infância e adolescência, e os primeiros contatos com instrumentos musicais. O livro conta também com declarações do produtor George Martin considerado “O quinto Beatle” e de dois integrantes que deixaram a banda antes da gravação do primeiro LP em 1962, são eles: o baterista Pete Best e o baixista Stuart Sutcliffe.

Um dos pontos altos da história é quando Paul McCartney conhece Jonh Lennon em 1957, e este chama Paul para integrar a banda; Há a primeira turnê que a banda fez em Hamburgo em 1961, quando George Harrison foi deportado para a Inglaterra por ser menor de idade, ele tinha apenas 17 anos na época.

A primeira visita aos EUA e o encontro com Elvis Presley é contada com detalhes inéditos, neste momento, Paul revela que Elvis tentou boicotar as músicas dos Beatles, impedindo que fossem tocassem nas rádios americanas.

O recorde que os Beatles atingiram na parada americana também não passa em branco. A banda emplacou os 5 primeiros lugares nos Estados Unidos, há mais de 40 anos, feito que jamais será batido.

As turbulências que os “Fab Four” passaram a enfrentar após a viagem para a Índia para meditações com o guru espiritual Maharishi, e a morte do empresário Brian Epstein, ganham caítulos especiais, esses dois fatos seriam o começo do fim.

As brigas durante as sessões de gravação do disco Let It Be são contadas com riqueza de detalhes por todos os envolvidos na época. As interferências de Yoko Ono, esposa de Jonh, a mais do que evidente insatisfação de Paul com a presença da esposa do companheiro de banda, revela que o clima entre eles não eram dos melhores. Paul McCartney não aceitava de maneira nenhuma a intromissão de Yoko, que dizia o que teria de ser feito em cada música.

O álbum foi gravado sob uma enorme tensão entre eles, tanto que o projeto inicialmente teria o nome de “Get Back”, e seria um disco e um filme que mostrava como a banda gravava seus discos, uma idéia desastrosa que George Harrison chegou a declarar anos depois que “as filmagens de Let It Be eram perfeitas para quem quisesse saber como funciona o processo de dissolução de uma banda de rock”. O projeto foi abandonado em 1969 para a gravação do que é realmente o último disco da banda, “Abbey Road”. Get Back só foi retomado e lançado sob o nome de Let It Be após o grupo se separar em 1970.

Esses e outros episódios fazem de “The Beatles Anthology” uma referência obrigatória sobre o grupo. É um livro essencial para quem é fã ou para quem apenas quer conhecer mais sobre a história do maior fenômeno da música pop de todos os tempos.