O termo política vem da cidade de Pollis que foi uma comunidade na Grécia antiga com um princípio de organização social. Depois, o conceito de política se transformou ao longo do tempo especialmente graças à civilização que possuía determinada hegemonia no mundo.
Os filósofos antigos discursavam sobre o cidadão político. Aristóteles, por exemplo, defendia que não houvesse a figura do político profissional como temos hoje. Inclusive ele citava que os camponeses jamais poderiam entrar para a política por não terem tempo de conciliar ambas funções (vide o livro "Política", de Aristóteles).
Montesquieu, por sua vez, foi quem criou a divisão de poderes que utilizamos até hoje no Brasil, com duas legislaturas (Câmara e Senado) para que o poder fosse limitado por ele mesmo, ou seja, nenhuma das duas 'casas' teria total liberdade visto que uma limitaria a outra.
Esses exemplos dos preâmbulos políticos em nossa civilização, são importantes para que resgatemos a história e através dela tentemos entender o presente. Dando um salto mortal chegamos ao Brasil, e ao período da República Velha que designou-se de 1889 até 1930.
Nesse período a democracia efetivamente não existia. Tínhamos o voto de cabresto, o ato de votar não era secreto, mesários fraudavam os resultados e se um candidato opositor fosse eleito ele poderia simplesmente não tomar posse por ir contra os preceitos da classe que tinha o poder.
A partir do governo Getúlio Vargas chegou a República Nova, e a democracia propriamente dita engatinhou em parte desse período alternando com regimes ditatoriais como o próprio Vargas instituiu com o “Estado Novo”, 1937. Em determinados trechos desse período os brasileiros foram às urnas exercer a democracia com liberdade de efetivamente escolherem seus candidatos (nessa época o voto já seria secreto...)
Mas em 1964, os militares tomam o poder e mais uma vez a democracia que florescia fora interrompida. Foram necessários 25 anos até que o Brasil retornasse às urnas para eleger seu presidente.
Vejam que apenas em 1989 realmente o princípio democrático se instaurou definitivamente no País. Conceito que vinha sendo debatido na Grécia antiga. Ou seja, estamos há séculos, e quiçá, milênios atrasados. A falta de costume do brasileiro de interagir com a política e o fato de seu amadurecimento político estar começando ainda explicam a fraca campanha de 2010.
Para se ter uma ideia quando o presidente Lula passar a faixa para Dilma Rousseff será a primeira vez na história que um presidente eleito recebe e passa a faixa de colegas também eleitos diretamente.
Então a discussão que temos hoje a Europa, por exemplo, teve em meados de 1970. Refiro-me as questões de privatizações, controle social da mídia, reformas tributárias, eleitorais etc.
Hoje o tenro amadurecimento do brasileiro permite que em uma campanha nenhuma proposta efetiva seja apresentada pelos candidatos que preferiram o embate direto ou as intenções genéricas, como por exemplo, melhorar a saúde, segurança e emprego sem explicar efetivamente o mecanismo de se fazer.
Os debates improdutivos, as propagandas eleitorais que mais confundiam do que esclareciam, o “promessometro” que correu a solta e o show de mentiras são mostras claras de que o Brasil precisa de uma nova era, precisa deixar o estágio de democracia recém consolidada para avançar nas suas bases políticas.
Um bom modo de se começar isso é que nas próximas eleições seja obrigado que cada candidato apresente já na campanha o plano de governo que tem a obrigação de entregar quando eleito, dessa feita o eleitor tem a oportunidade de avaliar com maior critério as propostas.
Outro passo seria, sem dúvidas, uma responsabilização e punição por promessas não realizadas o que intimidaria o “promessômetro”. Os debates também merecem uma reflexão para que não fique a palavra de um candidato contra a de outro e o cidadão sem saber quem está com a verdade.
O Brasil, a partir de 1º de janeiro de 2011 entra em um novo governo mas precisa urgente de uma nova era política para efetivamente diminuir as desigualdades sociais e ser de fato um país justo e igualitário.
*Vinícius Freitas é jornalista e cursado em Ciência Política.
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