segunda-feira, 11 de outubro de 2010

O tempo*

Seria ingenuidade querer falar a respeito do tempo. Em algumas linhas, posto que teses de doutorado são dispensadas para o tema. Mas acredito ser interessante abrirmos campos de raciocínio sobre o assunto.

O filósofo alemão, Norbert Elias, tem um livro muito interessante chamado “Sobre o Tempo”. É uma obra muito abrangente, mas que se pudesse ser resumida em uma frase, provavelmente seria “o passado não tem entrada e o futuro não tem saída, o tempo real é o presente”. Apenas tal oração já despenderia folhas e folhas de reflexão, mas vamos de maneira sucinta abordá-la.

É fato ser impossível voltarmos ao passado ou vivenciarmos o futuro. Ambos os tempos são construções. Porém, as pessoas parecem viver atreladas ao inexistente, amarradas a experiências vividas, a dores sofridas ou mesmo a lembranças que jamais voltarão a acontecer.

Muitos atribuem o saudosismo à terceira idade, algo que não é correto. Sim, as pessoas mais idosas têm mais aflorado aquilo que Henry Bérgson chama de “inteligência decrépta”, que nada mais é do que a consciência de que é um ser que irá morrer, ou seja, finito. Mas ao mesmo tempo jovens também levam a vida sempre com um pé no passado e muitas vezes com o outro no futuro, deixando assim de viver o presente, aquele tempo que é o mais belo e o melhor, afinal é o único que se pode mudar.

De certa forma, a psicologia nos mostra que os traumas adquiridos especialmente na infância são guardados no inconsciente, o que possivelmente colabora para que o passado seja definitivamente arquivado.

Com relação ao futuro, ele gera iguais angústias, mas é impossível se precisar como o ser humano estará daqui a um segundo que dirá anos à frente. Cada pessoa é capaz de criar monstros em sua mente e viver um verdadeiro inferno por situações que ainda não aconteceram. Para comprovar isso basta prestar atenção em uma pessoa que acredita estar na iminência de perder o emprego.

É complicado interpretar a frase de Norbert Elias, mas certamente ela passa por uma sugestão ou quase um conselho de que o homem deve sempre estar com os dois pés fincados no presente para apenas assim conseguir corrigir possíveis erros passados e construir um futuro verdadeiramente sadio ao invés de viver em tempos inexistentes.

*Vinícius Freitas, é jornalista e colaborador do blog.

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